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coisas & loisas

coisas em que vou pensando e loisas de que gosto, ou não

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Fidalguia Socialista, Republicana e Laica… Nobreza?

26.02.19 | Álvaro Aragão Athayde



Como todos sabemos:

  1. A palavra “Fidalguia” designa o conjunto dos fidalgos e a palavra “fidalgo” designa os filhos-de-algo, isto é, os filhos de pessoas que são algo, que são importantes, que são poderosas.
  2. A palavra “Nobreza” designa o conjunto dos nobres e a palavra “nobre” designa, não os filhos-de-algo, isto é, os filhos de pessoas que são algo, que são importantes, que são poderosas, mas as pessoas que possuem um determinado conjunto de qualidades tidas por próprias dos nobres, por exemplo: bondade; coragem; desprendimento; distinção; estoicismo; excelência; generosidade; gentileza; honra; integridade; lealdade; lhaneza; mérito; serenidade; virtude.
  3. A palavra “Aristocracia” (derivada do Grego “ἀριστοκρατία”, transliteração latina (t.l.) “aristokratía”, de “ἄριστος”, t.l. “aristos”, que significa o melhor, e “κράτος”, t.l. “kratos”, que significa poder, força) é uma forma de governo que coloca o poder nas mãos dos melhores.
  4. Há quem considere que a palavra “fidalgo” é sinónima da palavra “nobre”, que a palavra “Fidalguia” é sinónima da palavra “Nobreza” e que a  palavra “Aristocracia” é uma forma de governo que coloca o poder nas mãos dos fidalgos, ou dos nobres, sejam, ou não, eles os melhores.

Entretanto, e como também todos sabemos:

  1. Os filhos de pessoas que são algo, que são importantes, que são poderosas, podem, ou não, possuir o conjunto de qualidades tidas por próprias dos nobres e, caso as não possuam, são depreciativa e jocosamente designados pela palavra “fidalgote”, não pela palavra “fidalgo”, ou pela palavra “senhorito”, não pela palavra “senhor”.
  2. Os Ingleses afirmam que “it takes three generations to make a gentleman”, em português “leva três gerações para fazer um cavalheiro”, um fidalgo, e os Portugueses, quando afirmam que “avô pobre, pai rico, filho nobre, neto pobre” demonstram bem serem mais exigentes que os Ingleses no que a fidalguias concerne.

E, perguntará o leitor, a que propósito vem tudo isto?

Vem a propósito de um artigo de João Miguel Tavares hoje publicado, artigo que abaixo transcrevo.


O país dos filhinhos do papá existe mesmo – e é feio

Em Portugal, são demasiados casos, demasiados exemplos, demasiados filhos, demasiados amigos, para que tantos “filhos de” e “filhas de” sejam os mais competentes do país em tantos lugares distintos.

Por João Miguel Tavares no Público a 26 de Fevereiro de 2019, às 06:15

As inúmeras reacções a desculpar o problema dos cruzamentos familiares no actual governo, inclusivamente por parte de pessoas que tenho por sérias e inteligentes, demonstram bem o caminho que este país ainda tem de trilhar para adquirir uma cultura cívica minimamente decente. A ingenuidade (para utilizar uma palavra simpática) com que o argumento da competência foi invocado para justificar as opções de António Costa – a saber: não interessa se são filhos, pais, irmãos, maridos ou mulheres, o que interessa é se são competentes ou não – deixa-me absolutamente estupefacto, porque é demasiado básico, vulgar e terceiro-mundista. O problema não está, nem nunca esteve, na competência das pessoas envolvidas. Está, como sempre esteve, na sua proximidade.

Quem reflecte sobre relações e hierarquias sociais já compreendeu, há milénios, que a proximidade familiar pode atrapalhar a tomada das melhores decisões, devido a interesses secundários que se intrometem. Não é por acaso que as sociedades mais desenvolvidas do planeta são aquelas em que as instituições melhor resistem às tentações endogâmicas. O conceito de conflito de interesses não depende da inteligência, da competência ou da seriedade dos envolvidos – ele precede tudo isso. E precede-o não só para evitar que relações íntimas se cruzem com as decisões políticas, mas também porque a nomeação de amigos ou familiares para cargos poderosos e de difícil acesso transmite uma péssima imagem para uma sociedade que se quer meritocrática. O que diz é isto: não basta seres bom; precisas ser bem.

Não deveria ser necessário migrar da província para a capital, ou viver fora de grandes centros urbanos, para perceber o quanto a sociedade portuguesa é sufocada por um pequena elite que se vai perpetuando nos lugares mais elevados de poder, e que à boa maneira aristocrática consegue que os privilégios passem de pais para filhos ou circulem entre grupos de amigos próximos. A promoção dos “filhos de”, como muito bem sabe quem lá anda, é constante nas faculdades de Medicina, nos hospitais, nas faculdades de Direito, nos escritórios de advogados. Ainda há poucos dias foi noticiado que o PS propôs para o Tribunal Constitucional a jurista Mariana Canotilho. Filha de quem? Do professor José Gomes Canotilho, claro está.

Isso não significa, como é óbvio, que Mariana Canotilho não possa ser extremamente competente como juíza. Tal como Mariana Vieira da Silva poderá certamente vir a revelar-se muito competente como ministra. Só que, em Portugal, são demasiados casos, demasiados exemplos, demasiados filhos, demasiados amigos, para que tantos “filhos de” e “filhas de” sejam os mais competentes do país em tantos lugares distintos. Tamanha excelência geneticamente concentrada não só é coisa estatisticamente improvável, por melhores que sejam os papás e a educação que deram aos seus meninos, como, ainda que fossem, de facto, as pessoas mais competentes de Portugal, o problema que acima assinalei persistiria: o miúdo nascido numa família modesta do Alandroal iria sempre sentir que o seu elevador iria ficar encravado nos andares mais altos do país, por falta de lubrificação social. E com razão.

O que acabo de dizer deveria ser perfeitamente pacífico e consensual. Os problemas da endogamia portuguesa estão detectados há muito, e há vasta literatura sobre o tema. Se já nem isto causa um genuíno sobressalto cívico, então o país ainda está mais sonâmbulo do que eu pensava.

Jornalista

Estes artigo está aberto e comentado


Fontes
  1. “Sou socialista, republicano e laico” in “Mário Soares”. Wikiquote. Esta página foi editada pela última vez às 21h42min de 7 de janeiro de 2017. Página visitada a 26 de Fevereiro de 2019, às 14:48.
  2. The Gentleman and the Lady” in MELANIE, Lilia. "English 40.4: The Nineteenth Century British Novel". Brooklyn College English Department. No publication date. Retrieved on February 26, 2019 at 17:21.
  3. it takes three generations to make a gentleman” in “Proverbs new dictionary”. Academic Dictionaries and Encyclopedias. No publication date. Retrieved on February 26, 2019 at 18:33.
  4. DEY, Atanu. “The Cycle of Wealth and Poverty”. Atanu Dey on India's Development. Published on August 23, 2015. Retrieved on February 26, 2019 at 18:40.
  5. TAVARES, João Miguel. “O país dos filhinhos do papá existe mesmo – e é feio”. Público. Publicado a a 26 de Fevereiro de 2019, às 06:15.

Referências



Etiqueta principal: Política.
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Nação Valente — Sérgio Godinho

21.02.19 | Álvaro Aragão Athayde





Letra
Sérgio Godinho

Música
Hélder Gonçalves


não quero pôr-te numa gaiola

de mão estendida por esmola

não quero ter-te acorrentada

sofrendo por tudo e por nada

quero-te viva

afirmativa

não quero ter-te endividada

com só promessas por morada

não quero ver-te assim carente

perdão pedindo para a sua gente

há-de haver outra solução

para esta tão valente nação

há que ir em frente

nação valente

fronteiras antigas

fronteiras abertas

quero um país de ideias libertas

as mágoas da vida

e da vida as ofertas

fronteiras antigas

fronteiras abertas

não ver-te assim cobrada

na contramão dessa auto-estrada

nem quero ter-te adormecida

nos braços do que chamas vida

quero-te viva

afirmativa

não quero ter-te ziguezagueando

porquê e como? perguntando

assume a parte que já te coube

esquece e lembra o que ontem houve

há de haver outra perspectiva

para usarmos a alegria em vida

há-de haver outra solução

para esta tão valente nação

há que ir em frente

nação valente

fronteiras antigas

fronteiras abertas

quero um país de ideias libertas

as mágoas da vida

e da vida as ofertas

fronteiras antigas

fronteiras abertas



Fontes
  1. Sérgio Godinho - Nação Valente (videoLETRA)”, Sérgio Godinho e Hélder Gonçalves, YouTube: Sérgio Godinho TV. Publicado a 24 de de Janeiro de 2018. Recuperado a 21 de Fevereiro de 2019, às 11:52.
  2. Uma canção nova de Sérgio Godinho por dia: “Nação Valente””. Miguel A. Lopes/Lusa. Observador. Publicado a 24 de de Janeiro de 2018, às 12:23. Recuperado a 21 de Fevereiro de 2019, às 11:57.
Etiqueta principal: Música.
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Centenário da Criação do Liceu Salvador Correia (ii)

20.02.19 | Álvaro Aragão Athayde
PROGRAMA

Centenário da Criação Assinalado na UCCLA


Terá lugar no dia 23 de fevereiro, a Sessão Comemorativa do Centenário da Criação do Liceu Salvador Correia 1919 - 2019, a partir das 15 horas, no auditório da UCCLA, numa iniciativa da AAALSC-P (Associação dos Antigos Alunos do Liceu Salvador Correia - Portugal).

A sessão contará com a intervenção de antigos alunos do Liceu.

Programa


15:00
Dr. Vitor Ramalho
  • Mensagem de acolhimento e de boas vindas aos presentes
15:30
Eurico Neto
  • Breve descrição histórica da criação do Liceu
  • As três instalações onde funcionou
  • Os primeiros alunos e professores
  • Apresentação dos oradores
16:00
Manuel S. Fonseca
  • Evocação pessoalíssima e nostálgica;
  • Uma nostalgia pontuada a pequenas histórias e episódios;
  • Uma nostalgia plenamente consciente das contradições coloniais;
  • A beleza arquitectónica e a grandeza do todo com os campos, as barrocas nas traseiras, conferindo uma liberdade física enorme;
  • A biblioteca, a frequência mista de rapazes e raparigas;
  • A alegria do pensamento e da escrita: a descoberta do pensamento e do gosto pela filosofia e o gosto pela escrita nas aulas de literatura.

16:45Intervalo

17:15
Nicolau Santos
  • Evocação do Liceu Salvador Correia, através da declamação de três poemas de sua autoria: "Bilhete de Identidade"; "Salvador Correia"; "O meu país já não existe".
x
18:00
Justino Pinto de Andrade
  • Um sobrevoo ao processo de criação do ensino em Angola, destacando o papel dos Padres Jesuítas.
  • Destacar figuras históricas de Portugal na criação do ensino oficial em Angola, como, por exemplo, Inocêncio de Sousa Coutinho (correligionário do Marquês de Pombal que o envia para Angola como Governador) que funda o ensino técnico muito centrado na arte militar. Outros Governadores também nesta linha do ensino técnico de vertente militar. O papel de José Augusto Alves Roçadas na criação do Instituto Politécnico de Luanda (escola e ensino secundário). Chegado aí, entro na reivindicação da criação do Liceu de Luanda e o papel de Filomeno da Câmara.
  • A decisão da criação do Liceu Central de Luanda, por proposta de António Ferro.
  • Porquê Liceu Salvador Correia de Sá e Benevides?
  • Termino apresentando um resumo do perfil histórico de Salvador Correia de Sá, cujo nome foi dado ao nosso Querido Liceu.

19:00Encerramento da sessão, com os presentes a entoar o Hino dos Alunos do Liceu.




Morada
  • Avenida da Índia, n.º 110 (entre a Cordoaria Nacional e o Museu Nacional dos Coches), em Lisboa 
  • Autocarros: 714, 727 e 751 - Altinho, e 728 e 729 - Belém 
  • Comboio: Estação de Belém 
  • Elétrico: 15E - Altinho 
  • Coordenadas GPS: 38°41’46.9″N 9°11’52.4″W

Fontes
  1. Centenário da criação do Liceu Salvador Correia assinalado na UCCLAUnião das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), 05 de Fevereiro de 2019.
  2. Mensagem de correio electrónico de um membro da direcção da AAALSC-P (Associação dos Antigos Alunos do Liceu Salvador Correia - Portugal) com o Programa.

Etiqueta principal: História.
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Portugal, a Magna Carta e os Barões Ladrões

18.02.19 | Álvaro Aragão Athayde



Este, castigador foi rigoroso 
De latrocínios, mortes e adultérios: 
Fazer nos maus cruezas, fero e iroso, 
Eram os seus mais certos refrigérios. 
As cidades guardando justiçoso 
De todos os soberbos vitupérios, 
Mais ladrões castigando à morte deu, 
Que o vagabundo Aleides ou Teseu.

Do justo e duro Pedro nasce o brando, 
(Vede da natureza o desconcerto!) 
Remisso, e sem cuidado algum, Fernando, 
Que todo o Reino pôs em muito aperto: 
Que, vindo o Castelhano devastando 
As terras sem defesa, esteve perto 
De destruir-se o Reino totalmente; 
Que um fraco Rei faz fraca a forte gente.



Porque não funciona em Portugal a Magna Carta?

Porque a Magna Carta é filha da derrota do Rei pelos Barões e em Portugal nunca os Barões derrotaram o Rei.

E não só em Portugal nunca os Barões derrotaram o Rei como em Portugal sempre o Povo se aliou ao Rei, e o Rei ao Povo, para pôr fim aos desmandos dos Barões Ladrões.



Fontes
  1. Os Lusíadas (Canto III - estância/estrofe 137)”, Luís de Camões, OsLusíadas.org. Sem data de publicação. Recuperado a 18 de Fevereiro de 2019, às 07:45.
  2. Os Lusíadas (Canto III - estância/estrofe 138)”, Luís de Camões, OsLusíadas.org. Sem data de publicação. Recuperado a 18 de Fevereiro de 2019, às 07:47. 
  3. Luís de Camões: O fraco rei faz fraca a forte gente.”. Pensador. Sem data de publicação. Recuperado a 18 de Fevereiro de 2019, às 07:49.


Etiqueta principal: Política.
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Valha-nos São Cipriano !

15.02.19 | Álvaro Aragão Athayde


Dois artigos, ambos abertos, 
  1. ADSE vs grupos privados”, da autoria de Eugénio Rosa, publicado no Jornal Tornado a 18 de Dezembro de 2018,
  2. Não são os privados o problema da ADSE”, da autoria de Bruno Faria Lopes, publicada no Jornal de Negócios a 14 de Fevereiro de 2019, às 21:50,
e uma nota curta, também aberta, 
  1. Estamos todos pendurados”, da autoria de Manuel Falcão, publicada no Jornal de Negócios a 15 de Fevereiro de 2019, às 10:36.
Como as publicações estão abertas e, parece-me, não carecem de comentário, limito-me a publicar o destaque de cada uma delas.



ADSE vs grupos privados


Os grandes grupos privados da saúde multiplicam os ataques e as ameaças à ADSE na comunicação social, apenas porque esta quer controlar a despesa e fazer cumprir as convenções assinadas com estes grupos.

Por Eugénio Rosa no Jornal Tornado a 18 de Dezembro de 2018.

Ler aqui.



Não são os privados o problema da ADSE


A política encontrou uma forma fácil de traduzir o conflito negocial entre a ADSE e os grupos privados de saúde: a culpa é dos “privados que só pensam no lucro”.

Por de Bruno Faria Lopes no Jornal de Negócios a 14 de Fevereiro de 2019, às 21:50

Ler aqui.



Estamos todos pendurados


O conflito entre a ADSE e os hospitais privados levanta uma situação curiosa. O Estado quer preços e condições especiais quando usa serviços privados.

Por Manuel Falcão no Jornal de Negócios a 15 de Fevereiro de 2019, às 10:36

Ler aqui.



Origem da imagem
  • O primeiro artigo.

Referências
  1. Quem foi São Cipriano, o mago?”, Felipe Aquino, Editora Cléofas, 20 de Novembro de 2018.
  2. Eugénio Rosa indicado para vogal da ADSE”. Raquel Martins, Público, 15 de Fevereiro de 2018, 18:19 (actualizado a 15 de Fevereiro de 2018, 19:07).


Etiqueta principal: Ideologia.
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Globalismo e Internacionalismo

14.02.19 | Álvaro Aragão Athayde



Denário do Imperador Tibério, a Moeda do Tributo.



O actual Globalismo dos EUA, e da UE, 
e o pretérito Internacionalismo da URSS, 
são avatares da mesma divindade.

Por isso, não nos devemos espantar se, 
quando acossados, 
os fiéis dessa divindade puserem de lado o que os divide 
e geringonçarem as geringonças necessárias 
à sua defesa e à defesa da sua fé.



Fontes



Referências
  1. Denário”, Wikipédia, a enciclopédia livre. Página editada pela última vez às 06h24min de 21 de julho de 2018. Recuperada a 14 de Fevereiro de 2019, às 14:32.
  2. Avatar”, Wikipédia, a enciclopédia livre. Página editada pela última vez às 06h24min de 21 de julho de 2018. Recuperada a 14 de Fevereiro de 2019, às 14:38.


Etiqueta principal: Ideologia.
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Condecorações de CR7

13.02.19 | Álvaro Aragão Athayde



Marcelo pediu ao Conselho das Ordens para avaliar se Ronaldo pode manter condecorações nacionais?

Ó Sr Presidente, agora tive de rir!

O Ronaldo?

Tem mesmo a certeza???

Vou lembrar-te que: 
  • Armando Vara - Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
  • Carlos Cruz - A Medalha de Grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
  • Henrique Granadeiro - A Grã-cruz da Ordem Militar de Cristo.
  • Hélder Bataglia - Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
  • João Teixeira - Comenda da Ordem do Mérito.
  • Jardim Gonçalves - A Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
  • Jorge Ritto - O Grande-colar da Ordem do Infante D. Henrique.
  • José Sócrates - A Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
  • Lino Maia - Grau de Grande-oficial da Ordem do Mérito 
  • Macário Correia - Grande-Oficial da Ordem do Mérito.
  • Manuel Espírito Santo - A Grã-cruz da Ordem do Mérito Empresarial.
  • Valentim Loureiro - Comendador da Ordem do Mérito.
  • Miguel Horta e Costa - A Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
  • Zeinal Bava - Grã-cruz da Ordem do Mérito Empresarial.


Está tudo dito!



Fontes
  1. Condecoraçōes de CR7”, Old Boys Network, 13 de Fevereiro de 2019, às 11:16.
  2. Marcelo pediu ao Conselho das Ordens para avaliar se Ronaldo pode manter condecorações nacionais”, Sol, 23 de Janeiro 2019.


Etiqueta principal: Curtas.
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Fernando Pessoa, o escravocrata racista

11.02.19 | Álvaro Aragão Athayde
Luzia Moniz (imagem Angop)



Um artigo de Luzia Moniz, publicado no Jornal de Angola e republicado por G. Patissa no blogue Angola, Debates & Ideias, e um comentário de Álvaro Aragão Athayde, publicado no referido blogue.



CPLP escolhe
escravocrata racista para projecto juvenil

Aos 28 anos escreveu: “A escravatura é lógica e legítima; um zulu (negro da África do Sul) ou um landim (moçambicano) não representa coisa alguma de útil neste mundo. Civilizá-lo, quer religiosamente, quer de outra forma qualquer, é querer-lhe dar aquilo que ele não pode ter.

Por Luzia Moniz no Jornal de Angola a 10 de Fevereiro, 2019

O legítimo é obrigá-lo, visto que não é gente, a servir aos fins da civilização. Escravizá-lo é que é lógico. O degenerado conceito igualitário, com que o cristianismo envenenou os nossos conceitos sociais, prejudicou, porém, esta lógica atitude”.

Em 1917, aos 29 anos continua: “A escravatura é a lei da vida, e não há outra lei, porque esta tem que cumprir-se, sem revolta possível. Uns nascem escravos, e a outros a escravidão é dada.”

Aos 40 anos consolida a sua ideologia racista, escrevendo: “Ninguém ainda provou que a abolição da escravatura fosse um bem social”. E ainda: “Quem nos diz que a escravatura não seja uma lei natural da vida das sociedades sãs”?

Fernando Pessoa, dono desse ignóbil pensamento, é a figura escolhida pela CPLP para patrono de um projecto de intercâmbio universitário no Espaço de Língua Portuguesa. Essa iniciativa, cópia do programa europeu Erasmus, visa a educação, formação e mobilidade de jovens do espaço de língua portuguesa, oferecendo-lhes oportunidades de estudo, aquisição de experiência e voluntariado por um período curto num dos países da CPLP à sua escolha. Que Portugal, país onde a mentalidade esclavagista fascista ainda é dominante, tenha escolhido promover, branquear essa figura sinistra não me espanta. Agora, o que verdadeiramente me deixa perplexa é a aceitação pelos países africanos, as vítimas da escravatura.

Se foi para a isso que Portugal fez a guerra para assumir o secretariado executivo da CPLP, tudo indica que a coisa começa mal.

Denunciei isso mesmo, esta quarta-feira, na Assembleia da República de Portugal, durante a cerimónia de abertura do ano da CPLP para a Juventude, onde estavam deputados portugueses, governantes dos Estados da CPLP, jovens, activistas, intelectuais e académicos afro-descendentes, brasileiros, portugueses e africanos.

Não sei se Pessoa é ou não bom poeta. Isso pouco interessa para o caso. A minha inquietação é o uso da CPLP para branquear o pensamento de um acérrimo defensor do mais hediondo crime contra a Humanidade: a escravatura.

Atribuir o seu nome a um projecto que envolve jovens, descendentes dos escravizados, configura um insulto fascista.

Na AR alguém, para tentar justificar o injustificável, alegou que as convicções esclavagistas fascistas de Pessoa reflectem o pensamento da sua época, ignorando que, por exemplo, Eça de Queirós, contemporâneo de Pessoa, era contra a Escravatura e que, quando Pessoa escreve tais alarvidades, já a escravatura tinha sido abolida oficialmente. Outros diziam que precisamos de olhar para o futuro, esquecendo o passado. Como se Pessoa fosse futuro. Pessoa representa o que é preciso combater hoje para defender o futuro. Como construir um futuro salutar sem olhar para os erros do passado?

E se nos cingirmos apenas ao “pensamento da época”, qualquer dia temos o nome de outro colonialista-fascista António de Oliveira Salazar atribuído ao Conselho de Finanças da CPLP, com o argumento de que “tinha as contas em ordem” e de que foi “fascista à época”.

Se se pretende criar uma comunidade envolvendo as populações e não se limitando aos políticos, mais ou menos distraídos, é imperativo que o nome de Fernando Pessoa não figure em projectos comuns. Em sua substituição, sugeri Mário Pinto de Andrade, académico, um dos mais brilhantes intelectuais do espaço de língua portuguesa. Angolano que iniciou o seu percurso académico em Angola, passando por Portugal antes de ser ministro da Informação e Cultura na Guiné Bissau, que teve passaporte cabo-verdiano e deu aulas em Moçambique.

Espera-se dos países africanos membros que revertam essa situação, opondo-se ao nome de Fernando Pessoa, mesmo que com esse digno gesto se crie um novo irritante. Os irmãos de Cabo verde, que neste momento presidem a CPLP, têm uma responsabilidade acrescida nesta questão. Se Portugal olha para a CPLP como um instrumento de dominação dos outros, cabe-nos a nós, africanos, impedir que isso aconteça.



Emigre para os EUA, cara Luzia Moniz

Por Álvaro Aragão Athayde em Angola, Debates & Ideias a 11 de Fevereiro de 2019, às 00:33 

Que Luzia Moniz afirme, cito Não sei se Pessoa é ou não bom poeta. Isso pouco interessa para o caso., diz quanto necessita de ser dito.

Recomendo vivamente a Luzia Moniz que emigre para os Estados Unidos da América onde, estou certo, se sentirá menos descriminada.



Fontes
  1. "CPLP escolhe escravocrata racista para projecto juvenil", Luzia Moniz, Jornal de Angola a 10 de Fevereiro, 2019.
  2. "Luzia Moniz contesta figura de Pessoa | CPLP escolhe escravocrata racista para projecto juvenil", G. Patissa, Angola Debates e Ideias, 10 de Fevereiro, 2019.


Etiqueta principal: Pós-Neocolonialismo.
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História Científica versus História Ideológica

09.02.19 | Álvaro Aragão Athayde
Tenente-Coronel ‘Comando’ Marcelino da Mata
apadrinhou o seu neto nos Pupilos do Exército.



Porque é Marcelino da Mata uma grande ameaça?

Porque é a História Científica uma tão grande ameaça?

A História Científica é uma tão grande ameaça porque é incompatível com a História Ideológica. E é-o porque têm objectivos bem diferentes. 

A História Científica tem por objectivo apurar o que efectivamente aconteceu e, na medida do possível, explicar porque aconteceu o que aconteceu.

História Ideológica tem por objectivo legitimar historicamente o poder de quem está no poder ou, alternativamente, deslegitimar historicamente o poder de quem está no poder.

Marcelino da Mata é uma grande ameaça porque a sua história desmente a História Ideológica sobre a qual se baseia a legitimidade da Terceira República Portuguesa. 

E, também, porque se os factos forem mesmo apurados e narrados cientificamente… muito santo vai tombar abaixo do altar.



Os Donos da História de Portugal

Uma das razões por que não há nada sobre Marcelino da Mata prende-se com gente como Vasco Lourenço e Carvalho da Silva, que confundem o campo da História com os seus quintais ideológicos.

Por João Miguel Tavares no PÚBLICO a 09 de Fevereiro de 2019, às 06:18


O meu artigo sobre Marcelino da Mata deu origem a várias reacções, entre as quais as de Vasco Lourenço, aqui no PÚBLICO, e a de Manuel Carvalho da Silva, no Jornal de Notícias. Ambos aproveitaram para fazer referências jocosas à minha nomeação para presidir ao 10 de Junho (Vasco Lourenço, engraçadíssimo: “Confio que não tenha a tentação de promover qualquer farsa semelhante a essas jornadas de Salazar e Caetano!”), um divertimento pícaro por esta altura já demasiado batido, e ambos fizeram um grande esforço para tresler tudo aquilo que escrevi. Ainda assim, e apesar de a luta ser renhida, a escolher um vencedor no campeonato da desonestidade intelectual ele teria de ser Carvalho da Silva: conseguiu confundir citações com afirmações, suposições com factos e concluir que transformei “a personagem Marcelino da Mata quase em exemplo”. É obra.

Reparem: como qualquer pessoa com a quarta classe poderá verificar, o meu texto sobre Marcelino da Mata tinha como argumento a necessidade de conhecer o papel dos africanos na História de Portugal, dando como exemplo a sua extraordinária história de vida, desconhecida da generalidade do público. Em qualquer país civilizado já haveria uma série de televisão, dois filmes, três livros e quatro documentários sobre Marcelino da Mata. Em Portugal, não há nada. E uma das razões por que não há nada prende-se com gente como Vasco Lourenço e Carvalho da Silva, que confundem o campo da História com os seus quintais ideológicos.

O país está cheio de donos da História de Portugal, prontos a distribuírem reguadas por quem se atreve a sair da linha oficial. Como é óbvio, é possível que Marcelino da Mata tenha sido um herói de guerra, é possível que tenha sido um criminoso de guerra, e é até possível que tenha sido ambas as coisas, em momentos diferentes. Mas o meu texto nem sequer era sobre isso. Era sobre o desconhecimento generalizado de uma figura absolutamente invulgar, e sobre o que isso diz sobre o nosso lastimável trabalho de memória. Foi um herói? Contem-me. Foi um criminoso? Contem-me também.

Há dias comprei o livro de Irene Flunser Pimentel Os Cinco Pilares da PIDE. O capítulo introdutório intitula-se “Por que apresentar biografias de torturadores da PIDE/DGS?”. A autora afirma aí que quando publicou a biografia do inspector Fernando Araújo Gouveia foi criticada por estar “a dar importância ou até a enaltecer um torturador”, pois muitos consideraram que quem cometeu “actos de violência sobre presos políticos deveria ser remetido ao silêncio”. Recordar tais vidas – diziam – faria sofrer as vítimas. O argumento é estapafúrdio, mas Pimentel leva-o a sério, dando-se ao trabalho de explicar pacientemente que não, que não é assim, que escrever sobre um torturador até “contribui para denunciá-lo”, e patati patatá, como se os seus leitores estivessem no jardim-escola, e Hannah Arendt não tivesse escrito sobre Eichmann, Ian Kershaw sobre Hitler ou Robert Conquest sobre Estaline.

O problema não está nas explicações de Irene Pimentel, que estão certas. O problema está no facto de ter sentido necessidade de explicar-se. Essa necessidade demonstra bem o paternalismo na abordagem da História contemporânea, com um bando de historiadores armados em mestre-escola, empenhadíssimos no devido enquadramento das almas, não vá alguma delas lembrar-se de ressuscitar o cadáver de Salazar. Por amor da santa. Uma história é uma história é uma história. É para ser contada. Não é para ser pregada. 


Fontes
  1. Os donos da História de Portugal”, João Miguel Tavares, PÚBLICO, 9 de Fevereiro de 2019, 6:18.
  2. Tenente-Coronel ‘Comando’ Marcelino da Mata apadrinhou o seu neto nos Pupilos do Exército”, UTW: Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, sem data.


Etiqueta principal: História.
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