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coisas & loisas

coisas em que vou pensando e loisas de que gosto, ou não

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Zur Judenfrage und zur Religionsfrage

14.12.21 | Álvaro Aragão Athayde

Zur Judenfrage und zur Religionsfrage

 

Cada vez me convenço mais que não há como fugir-lhes!

 

Porquê?

 

Porque a forma como as pessoas actuam depende da forma como vêm o mundo e a vida, depende das suas convicções, depende dos seus valores, depende da sua mundivisão, depende da sua religião.

Para um hedonista o valor supremo é o prazer, e tudo ao prazer sacrificará.

Para um estoico o valor supremo é o dever, e tudo ao dever sacrificará.

 

 

Anfang von „Zur Judenfrage“ in den Deutsch-französischen Jahrbüchern 1844, Seite 182

Anfang von „Zur Judenfrage“ in den Deutsch-französischen Jahrbüchern 1844, Seite 182
Começo de “Sobre a Questão Judaica” nos Anuários Franco-alemães de 1844, página 182
Karl Marx: A Questão Judaica - Marxists Internet Archive

 

 

Kladderadatsch 1875 - Zwischen Berlin und Rom

“Entre Berlim e Roma”: Bismarck à esquerda e o Papa à direita, da revista satírica alemã Kladderadatsch, 1875.
Papa: “É certo que o último movimento foi desagradável para mim; mas o jogo ainda não está perdido. Eu ainda tenho um movimento secreto muito bonito. Bismarck: “Esse também será o último, e então você vai tomar xeque-mate em alguns movimentos – pelo menos na Alemanha.”

 

 

Alexandre Soljenitsyne: Deux siècles ensemble

 

 

 

 

 

 

 

 

FIM

 

Joacinismo, o Wokecinismo Tuga

07.12.21 | Álvaro Aragão Athayde

Joacine, o claro e o escuro

Joacine, o claro e o escuro

 

Um artigo da autoria de João Miguel Tavares, publicado às 00:08 de 7 de Dezembro de 2021 no jornal “Público”, seguido de um breve comentário de minha autoria.

 

Bloco de Esquerda: Razões fortes, compromissos claros.

 

Joacine, o claro e o escuro

Se Joacine fosse um peixe, acharia que a água tinha sido inventada para ela poder nadar. Lamento dar-lhe a má notícia: não foi.

Foi apenas um comentário no Twitter, que não teria interesse algum, se: 1) não fosse tão revelador de uma certa forma de pensar; 2) essa forma de pensar não estivesse a conquistar terreno nas escolas e nas universidades; 3) tal conquista não fosse patrocinada por governos e instituições, desejosos de se mostrarem condescendentes e progressistas. O Bloco de Esquerda criou um cartaz com a frase “razões fortes, compromissos claros”, e a deputada Joacine Katar Moreira decidiu tuitar: “A dicotomia claro/escuro no discurso político já mudava.” Como quem diz: a palavra “claro” só é utilizada de forma positiva porque está associada à cor branca; enquanto a palavra “escuro” é utilizada de forma negativa porque está associada à cor negra.

No Brasil, esta conversa tem anos. Não faltam chamadas de atenção para o tom depreciativo de expressões como “humor negro”, “ovelha negra”, “denegrir” ou, para fãs da Guerra das Estrelas, o “lado negro da Força”; ao mesmo tempo que a palavra “clareza” é considerada um atributo positivo, como acontece no cartaz do Bloco. É claro (ups!) que querer mudar a linguagem por decreto é mais fácil de dizer do que de fazer, e, por isso, logo apareceu uma compilação de vários tuítes da própria Joacine nos quais a palavra “claro” era utilizada precisamente da mesma forma que a deputada criticou ao Bloco de Esquerda. O eterno problema dos puritanos é que o simples facto de estar vivo é uma denúncia diária da sua hipocrisia.

Este meu texto serve não só para denunciar o ataque reiterado à linguagem por parte dos novos guerreiros da justiça social, mas sobretudo para demonstrar a ignorância histórica daquela afirmação, e o perigo de reduzir as análises sociais e linguísticas a uma única chave interpretativa – neste caso, o racismo. Um dos problemas da excessiva secularização das sociedades modernas é a transformação de pessoas letradas em ignorantes religiosos. Quem se der ao trabalho de passar os olhos pelo livro do Génesis, ou dedicar cinco minutos a ler a Bíblia – é abrir numa página qualquer –, depressa perceberá que associar as dicotomias claro/escuro, luz/trevas ou dia/noite à concentração de melanina na pele é tão disparatado que se torna quase cómico. 

Em primeiro lugar, essas dicotomias derivam da física e da biologia: o homo sapiens aprecia mais o dia do que a noite porque sem luz não vê patavina, e pode ser facilmente atacado por inimigos ou deglutido por predadores – gostar de clareza não é gostar de pele branca; é gostar de ver bem. Em segundo lugar, este facto elementar foi depois codificado nas narrativas mitológicas que ajudaram a estruturar a vida humana, geração após geração. Basta ler as primeiras palavras do primeiro capítulo do primeiro livro da Bíblia: “Deus disse: ‘Faça-se luz’. E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz, e às trevas noite.”

É claro (ups!) que se pode argumentar que a Bíblia foi o diário de bordo da colonização, e que o maniqueísmo luz/trevas ajudou a transformar o corpo negro num ser impuro e mais facilmente dominado. Mas, ainda que consideremos tal tese, pular daí para o argumento de que a dicotomia “claro/escuro” é um subproduto da escravatura que ajuda a perpetuar o “racismo estrutural” nos nossos dias, é dar um daqueles saltos quânticos que nenhum intelecto sério consegue suportar. Se Joacine fosse um peixe, acharia que a água tinha sido inventada para ela poder nadar. Lamento dar-lhe a má notícia: não foi.

 

 

Joacinismo, o Wokecinismo Tuga


Vai ser difícil converter os portugueses – um povo antigo, culto e com muito mundo – ao Wokecinismo Estadunidense…

 

 

 

 

 

 

 

FIM

 

Quem mexeu no meu queijo !?

02.12.21 | Álvaro Aragão Athayde

Comentário regeitadocomentário regeitado

 

A vida continua, claro. Pior


Ao avisar que “é de centro esquerda” Rio desistiu de milhares de portugueses que politicamente escolheram o PSD e de ser o motor de arranque de um espaço imensamente maior daquele que elegeu.

Por Maria João Avillez no Observador às 00:16 de 02 de Dezembro de 2021.


No último sábado, olhando ao serão através das televisões o “filme” de mais uma nacional tragédia política era difícil não estar sempre a tropeçar no espanto exuberantemente exibido por tantos: interjeições de surpresa, rostos siderados, sorrisos ao viés. “O quê? Rio ganhara? Mas como?”. Ah este “como”. E no entanto… é a tal coisa, observação atenta substituída – mas porquê? – por certezas antecipadas. Lupa desadequada para constatar o que ia de facto ocorrendo no “terreno” e não aquilo que muitos queriam que viesse a ocorrer. Ponto final.

2 
Nesse mesmo sábado eleitoral discorrera aliás aqui no Observador num artigo sobre a desvalorização da observação face a sobrevalorização da sondagem como “o” instrumento mais fiável para descodificar comportamentos eleitorais. Escrevia-o obviamente antes de saber os resultados Rangel/Rio na corrida do PSD; escrevi-o por me lembrar de como, de uma forma geral, a campanha Moedas/Medina tinha sido mal observada. Mas – e eis o ponto – escrevi-o sobretudo por me ter apercebido de que Rio iria ganhar contra a expectativa de Rangel, do seu núcleo duro, das suas hostes. (E embora me parecesse politicamente mais avisada a vitória de Paulo Rangel – comecei em Julho a dizê-lo-lo na TVI, por exemplo –, tal simpatia nunca me impediria de notar e afirmar o que a realidade ampliava.)

O tempo passou, a campanha começou, a política seguiu, mas é aí que entra essa necessidade de saber “ver”, percepcionando os sinais: no caso de Rangel, começaram todos a avermelhar: na batalha interna do PSD iam ocorrendo grosso modo os mesmos erros que vira há três meses, no combate autárquico lisboeta: do lado de Paulo Rangel via-se a olho (demasiado) nu que a sua campanha se havia prematuramente instalado na vitória como quem se senta num sofá. Tal como Medina também fizera, dando a impressão aos lisboetas que era só esperar que lhe fossem entregar a vitória a casa, como se fosse uma pizza. Enquanto Moedas se esfalfava energicamente por estar, ir, explicar, combater, Fernando Medina não se inquietava: a autarquia não era dele? Não sendo obviamente comparável com arrogância do PS nas recentes autárquicas, capitaneada por um tonitruante António Costa, os laivos de sobranceira displicente no baronato de Rangel também não caíram bem na militância.

Em resumo: Rio – tal como fizera Moedas em Setembro – nunca desistiu, atravessando adversidades várias e batendo-se mais e melhor estrategicamente que o adversário. Rangel, desorientava quem retivera o seu magnífico discurso de apresentação de candidatura, e lhe apreciava as muitas qualidades, descendo todos os dias, vitória abaixo, em vez de subir vitória acima. Começava a não haver dúvidas: certa do epílogo desta falhada história, no sábado de manhã mandei um sms a um colega que insistia em que Rangel levaria a melhor: cada um ficou na sua, mas se havia altura em que tivesse preferido estar enganada era esta: ficou por semear a esperança de que o vento rondasse e outro tempo político viesse. Não veio, não virá: ninguém quer mudar. (E veja-se a propósito de não querer mudar, o empurrão dado a Rui Rio à última da hora por uma sondagem tão estranha da Pitagórica e com perguntas tão forçadas que todas as dúvidas passaram a ser legítimas: que era aquilo?)

3 
Rangel perderia com a dignidade de quem havia ganho enquanto Rio vencia com o mau ganhar de quem tivesse perdido. São naturezas. É lá com ele.

O que já é com metade ou quase metade do país é ter de conviver com um sistema que começa no “centro esquerda”, líder da oposição “dixit”. Mas em que sistema politico é que o maior partido de oposição às esquerdas, se auto-situa e prefere ao centro-esquerda? Se Rio assim prefere intitular-se e definir-se está a desistir de muitos milhares de portugueses que politicamente procuravam a família que lidera. A desistir de ser o motor de arranque – e o próprio combustível – de um espaço imensamente maior do que aquele que ele próprio delineou e onde se confinou: a desistir do espaço todo à direita do PS o que politicamente não é dizer pouco. Irá fechar em vez de abrir, fragmentará em vez de unir. Um dia o país pedir-lhe-á contas pela oportunidade perdida de nada mudar; pela sua “preferência” em acreditar que fará reformas com o PS em vez de compreender que é justamente com o PS que elas serão impossíveis de concretizar. Sim, claro as coisas irão mudar. Para pior.

Passámos os últimos anos a padecer da originalidade de metade do país não existir politicamente: o centro e a direita foram sistematicamente humilhados e ofendidos pelo poder socialista, eram uma “não-existência”.

Agora, mesmo sabendo-se como este PSD não quer ser, e já não é, “o” PSD dos grandes líderes que se conheceram, fica-se pasmado com um líder que politicamente aspira a ser a bengala do maestro em vez do próprio maestro.
1

PS1. De uma coisa estou certa: a Ordem dos Economistas ficará mais que bem entregue nas mãos de Pedro Reis, que esta semana irá disputar as eleições para novo bastonário da Ordem. Em dias incertos passou a ser um luxo poder contar-se com os homens certos para algumas tarefas.
PS2. Quando no dia 1 de Agosto deste ano de 2021 fiz uma entrevista a Frederico Varandas — a primeira grande entrevista que deu após o seu clube ser campeão nacional — o presidente do Sporting não tropeçou nas palavras: Luís Filipe Vieira não seria seguramente o único homem do futebol a ter de prestar contas à Justiça, outras moradas se seguiriam à do Benfica. A Justiça o dirá mas parece que ele tinha razão. Porque me ocorre isto? Porque apesar de ser desde sempre “militante” do Benfica nunca me passou despercebida a diferença introduzida por Varandas no meio futebolístico português: outra postura, outra exigência, outra lisura. Outra liderança.
PS3. Só posso falar pelo meu posto de vacinação – na lisboeta Rua da Escola Politécnica — mas como gosto de gostar e depois dizer que gostei, daqui aplaudo a eficiência, a disciplina, a rapidez, a cordialidade com que tudo fluiu (nunca se percebe o que tem de ocorrer para que umas coisas corram tão bem e outras tão mal).

Original e comentários aqui.

 

Comentário regeitado


Primeira República:

— Ditadura do Partido Democrático.

Terceira República:
— Ditadura do Partido Socialista.

A Primeira acabou mal, a Terceira mal acabará, se já, se mais logo, Deus saberá.

 

 

 

 

 

 

 

FIM