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coisas em que vou pensando e loisas de que gosto, ou não

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Adenda à Teogonia

Nómisma, Deusa Suprema da Cultura Euramericana

13.02.22 | Álvaro Aragão Athayde

Nómisma

 

Parece-nos indiscutível que a actual Deusa Suprema da Cultura Euramericana é Nómisma.

E parece-nos indiscutível porque por todo o lado onde essa cultura domina Nómisma é objecto de pública adoração por parte de reis, presidentes, grandes dos governos, dos exércitos, dos negócios, ministros de diversas confissões religiosas, mercadores, lavradores, cavadores, todos. E todos tudo, ou quase tudo, lhe sacrificam. 

Quem é então Nómisma e como se alcandorou ela ao lugar de Zeus? 

Nómisma, em grego Νόμισμα, em latim, Numisma, em português Moeda, em inglês Currency, é filha de Atena e de Hermes, herdou muitos dos atributos dos seus progenitores, desenvolveu outros, é bastante bonita mas é, principalmente, muito, mas mesmo muito, sedutora. 

Alcandorou-se ao lugar de Zeus seduzindo-o, negociando em seu nome, com os outros Deuses Olímpicos, convencendo-o depois a expulsar do Olimpo os deuses que se recusaram a entrar nos acordos que ela lhes propunha e, finalmente, expulsando, ela própria, a Zeus do Olimpo. 

Nómisma começou por falar a Ares, Hades, Hefesto, Hermes e Atena, e    

  • A Ares prometeu guerras, muitas guerras, desde que abdicasse do espólio das guerras em benefício de Hermes. E prometeu-lhe também novas armas, muitas novas armas, poderosíssimas, armas forjadas por Hefesto em conformidade com planos a serem concebidos por Atena. 
  • A Hades prometeu mortos, muitos mortos, os mortos das guerras que Ares faria, desde que fornecesse a Hefesto todo o fogo e todo o ferro de que este viesse a necessitar.
  • A Hefesto prometeu o exclusivo do fabrico das armas que Ares usaria nas suas guerras, todo o fogo e todo o ferro de que necessitasse para as forjar, a ser fornecido por Hades, e os planos para o fabrico de novas armas, poderosíssimas, a serem concebidos por Atena.
  • A Hermes prometeu espólios de guerra, muitos espólios de guerra, os espólios de que Ares abdicaria. E prometeu-lhe também o exclusivo do transporte de todo o fogo e todo o ferro que Hades fornecesse a Hefesto, bem como o de todas as armas Hefesto fabricasse para Ares
  • A Atena prometeu ¡imagine-se! “A paz pelo comércio” e “a governação cósmica de Zeus”. «Concebes novas e poderosíssimas armas, Hefesto forjá-las-á, Ares usá-las-á, se necessário, para garantir que Hermes se possa movimentar livremente, assim estabelecendo a “paz pelo comércio” e a “governação cósmica” de Zeus, teu pai»


Com Dionisio Nómisma não falou, detesta quem não é “muito sério” e “muito digno”, e Dionisio faz questão em o não ser. Com Apolo e Posídon também não falou, não tinha qualquer necessidade disso, Apolo e Posídon quase nunca estavam no Olimpo. E com Afrodite, Artemis, Deméter, Hera e Héstia Nómisma também não falou, sabia de antemão que não concordariam. 

Não falou com nenhum deles mas foi dizer a Zeus que tinha falado, que se opunham ao plano da “paz pelo comércio” e da “governação cósmica” de Zeus, o que até era verdade, que contra Zeus conspiravam, o que até o não era, e que, portanto, deveriam ser expulsos do Olimpo. 

E Zeus fez-lhe a vontade. Expulsou Afrodite, Apolo, Artemis, Deméter, Dionisio, Hera, Héstia e Posídon do Olimpo, coisa que não incomodou minimamente os deuses mas muito enfureceu as deusas. 

Expulsos os Olímpicos que com ela não tinham pactuado propôs-se Nómisma organizar, para Zeus, um “festival em honra de Afrodite Pandemos”, festival para o qual convidaria Europa, América, África, Ásia e Oceania, cinco mortais, ideia que Zeus achou óptima, e que Europa, América, África, Ásia e Oceania óptima acharam. 

O “festival em honra de Afrodite Pandemos” realizou-se pois. Zeus, Europa, América, África, Ásia e Oceania brincaram que se fartaram. Brincaram e, exaustos, acabaram por adormecer, nos braços uns dos outros. Vendo-os adormecidos Nómisma aproveitou a oportunidade, precipitou Zeus no Cosmos e entrincheirou-se no Olimpo. 

E assim chegámos onde hoje estamos: 

  • Nómisma entrincheirada no Olimpo, dizendo-se o Novo Zeus. Dizendo-se o Novo Zeus e ameaçando que, caso se lhe não façam todas as vontades, explodirá o Olimpo, com Europa, América, África, Ásia e Oceania lá dentro.
  • Zeus vagueando pelo Cosmos, deprimidíssimo. 
  • Ares, Hades, Hefesto e Hermes estão felicíssimos. O primeiro mata, o segundo recebe os mortos e fornece o fogo e o ferro de que o terceiro necessita para forjar as armas do primeiro, o quarto, Hermes, anda ocupadíssimo: negoceia e transporta, negoceia e transporta! 
  • Apolo e Posídon, indiferentes, observam à distancia o que se passa. 
  • Dionisio, sendo, como é, “pouco sério” e “pouco digno”, segue bebendo, dançando e cantando a sua última composição, uma composição cujo refrão é «Nómisma vai-se estripar, oh oh, oh oh, Nómisma vai-se estripar, oh oh oh, oh oh». Como é bom de ver desespera Nómisma, que o tenta calar por todos os meios ao seu alcance. 
  • Afrodite, Artemis, Deméter, Hera, e Héstia estão infelicíssimas. Maldizem Nómisma, Zeus e todos os restantes Olímpicos, maquinam a sua vingança e, ¡imagine-se!, até já pensaram em invocar as Erínias. 
  • Atena também está infelicíssima. Está infelicíssima mas trabalha. Trabalha afanosamente num plano que permita aos Olímpicos repor a ordem e salvar Europa, América, África, Ásia e Oceania da morte.

 

Portugal, 6 de Setembro de 2016 
Aguarela de António Gil 
Texto de Álvaro Athayde

 

 

Original aqui.
Publicado no descriado perfil de Álvaro Aragão Athayde no Facebook.

 

 

 

 

 

 

FIM

 

Portugal: Uma democracia não representativa

01.02.22 | Álvaro Aragão Athayde

Bandeira de Portugal (República)

Bandeira de Portugal

 

A democracia portuguesa é não representativa dos cidadãos-eleitores.

É-o porque os cidadãos-eleitores não escolhem as senhoras e senhores que integram a Assembleia da República, quem os escolhe são as direcções-partidárias.

Tal facto decorre de:

1.º Os partidos políticos terem o monopólio da representação política.

2.º O sistema eleitoral português ser um sistema de listas fechadas e bloqueadas.

As direcções-partidárias escolhem as pessoas que integrarão as listas de candidatos à Assembleia da República, escolhem, também, a ordem pela qual essas pessoas figurarão nas listas e, depois, o cidadão-eleitor plebiscita as escolhas das direcções-partidárias.

Com o actual sistema eleitoral os portugueses não escolhem os seus representantes, concordam com aqueles que as direcções-partidários escolheram para serem seus representantes. Seus delas, direcções-partidárias.

 

Queremos votar!.jpg

Porque não acato a “democracia brasileira”

 

 

 

 

 

 

 

FIM