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coisas & loisas

coisas em que vou pensando e loisas de que gosto, ou não

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Kali Yuga

A época em que vivemos

15.07.22 | Álvaro Aragão Athayde

 

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Kali Yuga por Dorian X

 

Republicação de um texto da autoria de Lília Palmeira publicado em 2013 no blogue da Sociedade Lamatronika®

 

Como escreveu Alain Daniélou em seu livro “Shiva e Dioniso”, que tomei como base para esse texto: “A evolução do mundo é submetida a ciclos. Cada um desses dividido em quatro períodos denominados yugas. Essa divisão das idades do mundo era conhecido por todo mundo antigo".

Existem muitas contradições sobre o início e a duração desses ciclos e não vou me prender a essa questão.

Apenas os últimos acontecimentos me fizeram lembrar do período que a Terra atravessa.

Kali Yuga (Sânscrito: कलियुग) "Idade do Vício" também denominada a “Idade de Ferro” e “Idade dos Conflitos” é a última das quatro etapas que o mundo atravessa ciclicamente; E ONDE NÓS ESTAMOS AGORA!!! E onde a humanidade trabalha para a sua própria destruição.

Escrituras Antigas geralmente apresentam a Kali Yuga como uma era de crescente degradação humana, cultural, social, ambiental e espiritual, onde a desordem no equilíbrio natural vai aumentando num ritmo cada vez mais acelerado, sendo simbolicamente referida como Idade das Trevas.

“A supremacia do homem sobre o mundo terrestre e a destruição gradual por ele das outras espécies vivas provocam a vingança do deus, manifestada pela loucura que inspira àqueles que se opõem a ele, loucura muito evidente no comportamento da humanidade moderna, formada por massas inconscientes conduzidas por dirigentes irresponsáveis e maléficos". (A. Daniélou)

Alguns textos antigos realmente previram as condições que agora existem no crepúsculo da Kali Yuga. Destes, os mais antigos são os Hindus.

“Mergulhados nos recônditos da ignorância e pensando: Somos pessoas sábias e instruídas; esses loucos, expostos a mil males, erram em aventuras como cegos conduzidos por um cego". (Mundaka Upanishad)

“Os homens serão atormentados pela inveja, irritáveis, sectários, indiferentes às consequências de seus actos. São ameaçados pela doença, pela fome, pelo medo, por terríveis calamidades naturais. Seus desejos são mal orientados, seu saber utilizado para fins maléficos. São desonestos. Muitos perecerão. A classe dos nobres e dos agricultores declinam. A classe operária, durande a Idade de Kali, pretende governar… os chefes de estado são em sua maioria de origem inferior. São ditadores e tiranos".

"Matam-se os fetos e os heróis. Os trabalhadores querem assumir o papel dos intelectuais, os intelectuais o dos trabalhadores. Os ladrões tornam-se reis e os reis ladrões. As mulheres virtuosas são raras. A promiscuidade propaga-se. A estabilidade e o equilíbrio desaparecem. A terra não produz quase nada em certos lugares e muito em outros. Os poderosos apropriam-se do bem público e deixam de proteger o povo. Cientistas de origem inferior são honrados como brâmanes e entregam, a pessoas que não são dignas, os segredos perigosos das ciências. Os mestres aviltam-se vendendo o saber".

"Os homens de bem retiram-se da vida pública. Comida já cozida é vendida em praça pública. Os sacramentos e a religião também estão à venda".

"A chuva é errática. Os comerciantes, desonestos. As pessoas que mendigam ou que procuram um emprego são cada vez mais numerosas. A linguagem é grosseira, a palavra não é mantida, a inveja é crescente. Pessoas sem moralidade pregam a virtude aos outros. A censura reina… associações criminosas formam-se nas cidades e nos países. Faltará água assim como alimentos. Os homens perderão o sentido dos valores".

"Os ritos perecerão nas mãos de homens sem virtude. Pessoas praticando ritos transviados espalhar-se-ão por toda parte. Pessoas não-qualificadas estudarão os textos sagrados e torna-se-ão supostos peritos. Os homens matar-se-ão uns aos outros e matarão também as crianças, as mulheres e os animais. Os sábios serão condenados à morte". (Linga Purâna)

Lembrem-se… são textos antigos… muito antigos. E é triste ver que eles acertaram em suas previsões.

Veremos no final da Idade de Ferro um fenómeno bem característico: o aparecimento de falsas religiões que, no dizer de Daniélou, afastam os homens de seu papel na criação e servem como desculpa para suas depredações… as religiões da cidade sobrepujam a religião da natureza.

"A impertinência e o orgulho com que os "crentes" atribuem a “deus” seus preconceitos sociais, alimentares, sexuais, que, aliás, variam de uma região a outra, seriam cómicos se não resultassem inevitavelmente em formas de tirania, de caráter puramente temporal. A obrigação de conformar-se com crenças e modos de acção arbitrários é um meio de aviltar e submeter a personalidade do indivíduo, do qual todas as tiranias, sejam elas religiosas ou políticas, de direita ou de esquerda, sabem servir-se muito bem". (Alain Daniélou em Shiva e Dioniso – A Religião da Natureza e do Eros)

Mas o Kali Yuga é também um período privilegiado, onde alguns podem alcançar a perfeição em curto tempo. E excelentes mestres continuarão a praticar os ritos corretos da maneira correta. Apesar de serem um tanto difícil de serem encontrados em meio a tanta falsidade…

Oliver St John, em seu excelente artigo The Aeon of Hormaku (publicado em Stella Tenebrae - Journal of Hermética Magick Volume One Number 2 (Ordo Astri)) diz que o solstício de 21/12/2012 viu “uma reificação na Terra das forças cósmicas de um Novo Aeon". E de acordo com os escritos do falecido Kenneth Grant, o ano de 2012 foi de grande importância para os Iniciados.

Nas palavras de St John: “Com toda a probabilidade o mundo vai acordar na manhã seguinte após o solstício, 21 de dezembro de 2012, sem perceber quaisquer mudanças notáveis​​. Os trens vão funcionar na hora, o lixo será recolhido e cartões de Natal serão entregues. É duvidoso que os canais de televisão e estações de rádio transmitam notícias de uma nova Ordem Mundial, ou de uma intervenção extraterrestre. Profecia não é o mesmo que previsão, e não temos nenhuma idéia de qualquer resultado material, ou se de facto deve haver um. Kenneth Grant alertou aos adeptos mágicos que eles devem preparar-se, e isso é precisamente o que estamos fazendo. Trabalho mágico Hermético exige que o aspirante fique acordado, mesmo se desconsiderarmos as teorias completamente indefinidas, o conselho é ouvido". Oliver St John - Welcome to the Aeon of Hormaku, 2012)

Como bem me disse um dos verdadeiros sábios de nossa era: “O fim da Kali Yuga é eminente, e uma nova corrente está varrendo em nossa direção, não sem seus perigos concomitantes… A única coisa que você pode fazer é segurar seu chapéu, pois muito possivelmente poderá estar neste planeta quando a fase inicial da Mudança ocorrer".

Afinal, a Manifestação de Nuit está em um fim.

Original aqui.

 

 

Ver também

  1. Kali-yuga, A Última Era do Ciclo Cósmico
  2. Cáli Iuga
  3. Kali (demónio)
  4. Cali (deusa)
  5. Xiva

 

 

 

 

 

 

 

FIM

 

Guerra Oriente-Ocidente

Quem está ao ataque? Quem está à defesa?

05.07.22 | Álvaro Aragão Athayde

Karte von Europa im Jahre 1914 [1200 × 890].jpg

Karte von Europa im Jahre 1914

 

Um artigo de Jaime Nogueira Pinto, um comentário meu ao dito artigo que a moderação do Observador houve por bem rejeitar, umas imagens ilustrativas, para apimentar.

 

Europa antes da Operação Barbarossa, 1941 (em alemão) [960 × 1000].jpg

A Europa em 1941, imediatamente antes do início da Operação Barbarossa.

 

Uma nova Guerra Fria?

Se olharmos ao número e à geografia dos Estados alinhados contra Moscovo e dos que se mantêm neutros, deparamos com o que poderá configurar-se como uma segunda edição de “The West against The Rest”.

Jaime Nogueira PintoObservador • 02 de Julho de 2022, às 00:18

Os grandes conflitos estiveram sempre na origem das grandes mudanças, não só na repartição territorial e na hierarquia dos Estados mas também nos valores e princípios inspiradores e legitimadores da ordem internacional.

Foi da Guerra dos 30 Anos que nasceu a ordem consagrada pelos Tratados de Vesfália, com a secularização dos poderes estatais e das razões da paz e da guerra. Adoptaram-se então regras comuns na relação entre as potências do Jus Publicum Europaeum que as diplomacias do século XVIII passaram a seguir. Das guerras da Revolução e do Império nasceu a ordem do constitucionalismo liberal, que depois de uma temporária restauração dos valores do Ancien Régime, dominou os Estados europeus e se estendeu aos novos Estados independentes do continente americano.

O mundo dos finais do século XIX era um mundo eurocêntrico de monarquias constitucionais, umas mais conservadoras, outras mais liberais – com as excepções das repúblicas francesa e suíça. À margem do sistema liberal, embora não ostracizada, ficava a Rússia czarista, que se olhava como um baluarte do cristianismo e da tradição e mantinha, nas suas classes dirigentes, um duelo surdo entre eslavófilos e europeizantes. A guerra da Crimeia, em que a Rússia enfrentou o Império Otomano, aliado dos franceses e dos ingleses, foi amargamente vista por Dostoievsky como uma traição das nações do Ocidente à Cristandade. A derrota na guerra e a morte do czar conservador Nicolau I levaram ao poder Alexandre II, que libertou os servos e procedeu a reformas liberalizantes. Mas o czar reformista foi assassinado à bomba em 13 de Março de 1881 pelos populistas do Narodnaïa Volia.

Os Estados europeus do final do século XIX agiam segundo as regras da Realpolitik, afirmando claramente, e às vezes arrogantemente, os seus interesses nacionais e os desígnios imperiais que os levavam à partilha de outros continentes – onde, entretanto, se esboçavam as primeiras reacções ao imperialismo.


As guerras do século XX

A guerra de 1914-1918 veio acabar com essa ordem. Os impérios centrais – alemão, austro-húngaro e otomano – saíram destruídos da Grande Guerra e nos seus territórios surgiram uma multiplicidade de nações: umas, na Europa, tornaram-se independentes; outras, no Médio Oriente e em África, passaram a outras tutelas e subordinações. Mas o resultado mais importante do conflito foi a Revolução Soviética de 1917, com o triunfo, num grande Estado da Eurásia, de uma ideologia política revolucionária, messiânica e internacionalista, com ambições de exportar a sua verdade e o seu modelo de sociedade a todo o globo.

As ideias, as ideologias, os movimentos e os regimes são reactivos, e a relação amigo-inimigo é o motor mais forte e dinâmico da razão política, que reage na razão directa do perigo. Assim, o medo do comunismo levou a soluções radicais de estado de excepção, com o apoio das nascentes classes médias. Nestas reacções anti-comunistas, além de movimentos populares totalitários, como o fascismo, que triunfou em Itália em Outubro de 22, contam-se, sobretudo, soluções nacionais-autoritárias, geralmente patrocinadas pelos exércitos, como a ditadura de Primo de Rivera, em Espanha, o Estado Novo em Portugal e uma série de movimentos semelhantes na Europa Oriental e nos Balcãs.

Entre as duas guerras, estas soluções propagaram-se pelo mundo não-europeu, num clima reforçado pela grande crise do capitalismo euro-americano que levou ao poder, por via democrática e eleitoral, o Partido Nacional-Socialista de Adolfo Hitler. Hitler reclamava um destino messiânico para o povo alemão e pretendia rasgar o Tratado de Versalhes.

Desta conjuntura veio a Segunda Guerra Mundial e, com ela, o fim do mundo eurocêntrico e a passagem do grande poder político-militar para uma potência da Eurásia – a União Soviética – e outra da América – os Estados Unidos. A Europa e o globo ficaram divididos por critérios e padrões ideológicos, que, teoricamente, opunham um mundo livre, democrático e liberal, a um mundo comunista e totalitário. Só que, do lado do “mundo livre”, estavam muitos poderes não-liberais, já que a divisão amigo-inimigo se fazia com base no anticomunismo.

O desfecho final da Guerra Fria, em 1989-1991, ficou a dever-se ao isolamento progressivo da URSS, conseguido pela Administração Reagan nos anos que precederam a queda final de Moscovo com a aliança de duas potências não-liberias: a monarquia absoluta e religiosa saudita e a China comunista. A Arábia Saudita ajudou Washington a degradar economicamente a União Soviética, fazendo baixar os preços do petróleo com aumentos de produção; e a abertura de Nixon e Kissinger à China de Mao,  a partir dos anos 70, levou a que o comunismo de Pequim se juntasse ao capitalismo liberal de Washington para combater o inimigo comum.

Assim, a vitória final do Ocidente na Guerra Fria teve como elemento determinante a inclusão na aliança anti-soviética de Estados autocráticos. Henry Kissinger lembrá-lo-ia várias vezes, voltando recentemente a fazê-lo para criticar a pretensão da Administração Biden de fazer do confronto com a Rússia uma luta entre democracias e autocracias.

No pós-Guerra Fria houve alguma euforia interpretativa entre os vencedores, com a tentativa, teorizada por Fukuyama e impulsionada pelos neoconservadores, de estender a todo o globo o modelo liberal democrático anglo-saxónico de pluralismo partidário competitivo e de economia de mercado. Nos últimos 30 anos, os factos desmentiram a teoria e negaram a prática – com o terrorismo jihadista dos princípios do século XXI, a afirmação de tendências nacionais autocráticas em potências regionais, como a Rússia e a Turquia, e a coexistência do capitalismo com uma direcção política central comunista, na República Popular da China.


Transição

Mas se a ordem global das democracias liberais inaugurada no fim da Guerra Fria estava já posta em causa em importantes partes do mundo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, foi a invasão que a veio definitivamente desafiar. Os europeus tinham-se habituado a assistir, com o olhar complacente e eurocêntrico dos “civilizados”, a conflitos semelhantes no resto do mundo; mas no dia 24 de Fevereiro, o direito de guerra e de paz, estabelecido pela Carta das Nações Unidas e condenatório da guerra de agressão era, pela primeira vez, violado dentro de fronteiras europeias.

A guerra na Europa Oriental veio, assim, desferir um golpe sério à ordem liberal e a uma globalização já ferida pela pandemia. Moscovo rasgou um protocolo sobre a guerra e a paz que parecia intocável, embora várias vezes tivesse sido violado noutros continentes (considerados, para o efeito, “periféricos”).

Que ordem sairá deste conflito e dos seus resultados? Não deixando de condenar a invasão russa, que trouxe a guerra de volta à Europa e a desgraça a milhões de ucranianos, não podemos ignorar as culpas do Ocidente – dos Estados Unidos e da Europa – na condução da resposta.

Além da imprudente declaração de Biden de que os Estados Unidos nunca entrariam em guerra com a Rússia, passível de ser interpretada por Putin como um subtil convite à invasão, ignorou-se levianamente todo um dossier de avisos cautelares, de George Kennan a Henry Kissinger, sobre a susceptibilidade securitária de Moscovo e de uma Rússia tantas vezes invadida e devastada por mongóis, polacos, suecos, franceses e alemães.

A política euroamericana de resposta à invasão tem também sido prolífera noutros erros. Até agora, as sanções contribuíram essencialmente para encher os cofres da Rússia e estimular a unidade pela negativa de países com valores tão diferentes como a China, a Índia, a Turquia, o Brasil e o México. A Rússia passou a vender por um preço mais alto o seu petróleo e o seu gás, com Putin a dar-se luxo de cortar o fornecimento aos sancionadores; e entre os Estados que se recusaram a alinhar com as políticas euro-americanas de segregação e punição de Moscovo contam-se mais de metade dos Estados da União Africana, a China, a Índia e parte substancial dos países da América Latina e da Ásia.


Os 7 no castelo de Elmau e a NATO em Madrid

No Castelo de Elmau, na Baviera, os sete mais ricos parecem ter chegado a acordo quanto ao controlo dos preços do petróleo para travar os ganhos russos e a inflação, deixando a cada Estado o estudo da forma técnica de o conseguir. A limitação dos preços (“price caps”), sobretudo sobre a comida e a energia, foi usada com sucesso na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, porém, o sistema não tem funcionado fora desse contexto e traz inconvenientes: o aumento da burocracia de controlo; a alocação “política” (logo, menos eficaz) dos recursos; a permeabilidade ao lobby e à influência; a supressão meramente temporária da inflação, que sempre reaparece em força quando os controlos são levantados. Uma outra sugestão, também americana, de pressão sobre as seguradoras dos tankers russos que transportam o petróleo, tinha já sido afastada por inoperacionalidade.

Também a reunião da NATO, em Madrid, esteve dominada pelo conflito russo-ucraniano, com os representantes dos países da Aliança Atlântica a reafirmarem o seu apoio à Ucrânia. A Rússia ocupa agora o primeiro lugar no pódio dos inimigos da organização, destronando o Terrorismo e a República Popular da China. A grande notícia foi o anúncio da Turquia, na terça-feira, de aceder à inclusão da Suécia e da Finlândia na Aliança Atlântica, caso Estocolmo e Helsínquia atendam aos seus pedidos de deportação e extradição de suspeitos de terrorismo. A Turquia assume, mais uma vez, um papel de charneira e os curdos pagam, mais uma vez, os custos pela reconciliação ocidental.

O comunicado final da “nova” NATO, além de reafirmar a determinação e o reforço da capacidade militar defensiva da organização, não esquece os desafios ambientais e a inclusão de género – tornados itens de preenchimento obrigatório nos comunicados e declarações.


O Ocidente e “os outros”

Se olharmos ao número e à geografia dos Estados alinhados contra Moscovo e dos que se mantêm neutros, deparamos com o que poderá configurar-se como uma segunda edição de The West against The Rest.

Assim, será bom que a ordem internacional a nascer deste conflito tenha uma preocupação realista de consideração e respeito pelos interesses de cada Estado e pelo equilíbrio de todos, dispensando proclamações ideológicas e maniqueísmos institucionais.

Esta disparidade entre “the West” e “the Rest” não surpreende e parece acompanhar uma tendência que se observa desde o começo do século: a avaliar pelos relatórios da Freedom House, a política de expansionismo democrático teve efeitos perversos, já que, actualmente, apenas 20% da população mundial vive em países livres (com 42% a viver em Estados híbridos e 38% sob regimes autoritários ou totalitários). E se se fala muito de “democracia iliberal” em relação à Hungria e à Polónia, ficam na sombra os populismos de esquerda em grandes países das Américas – México, Argentina, Chile e agora a Colômbia; países onde se vêm afirmando regimes de esquerda, cujo constitucionalismo liberal deixa muito a desejar. Não falando já da Venezuela e de Cuba; ou dos movimentos de policiamento e cancelamento cultural do tipo Woke, a operar em força no Ocidente pela lavagem cerebral, empenhando vastos recursos financeiros em delirantes campanhas de alfabetização em Newspeak, com a franca distribuição de fobias e de outras patologias a quem não jure bandeira ou não se inscreva na mocidade activista.

Quando uma ordem ideológica e geopolítica é posta em causa e não lhe sobreveio ainda outra, entra-se num período de interregno, como o que agora vivemos. Resta-nos esperar que o realismo e a força das coisas contenham euforias e histerias – é que, tanto na guerra cultural como na guerra real, uma escalada pode pôr em causa a própria viabilidade da civilização e da espécie.

Original e comentários dos leitores aqui.

 

 

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Untermensch

Un cartel de propaganda austrohúngaro feito durante a primeira guerra mundial que presenta o lema rimado “Serbia debe morrer!” (Serbien muss sterbien!). Esas imaxes eran representativas das actitudes sociais subxacentes ao concepto de Untermensch. «Postais de propaganda anti-serbia á venda na capital austríaca representaban aos serbios como “Untermenschen” ou “Subhumanos” atrasados, un termo empregado máis tarde por Adolf Hitler e os nazis para describir aos xudeus e os eslavos. Algúns defenderon que os serbios deberían ser cocidos vivos en caldeiros ou pegados en garfos e comidos.»

 

E o ataque da OTAN/NATO à Jugoslávia e à Sérvia não foi Guerra na Europa?

Até posso compreender que os “Europeus”, os Galo-Romano-Germânicos, sejam de opinião que matar Árabes, Berberes, Pretos, seja coisa sem a menor importância, mas matar Eslavos Meridionais e Eslavos Orientais também o é? Só os Eslavos Ocidentais Germanizados são humanos?

O resultado está à vista, nem os Sérvios nem os Russos esquecem que o “Civilizado” Ocidente os considera subumanos.

 

 

 

 

 

 

 

FIM

 

Religiões Abraâmicas

03.07.22 | Álvaro Aragão Athayde

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Aquenáton

 

Deus pronunciou todas estas palavras, dizendo:
«
Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão.
Não haverá para ti outros deuses na minha presença.
Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas.
Não te prostrarás diante dessas coisas e não as servirás, porque Eu, o SENHOR, teu Deus, sou um Deus zeloso, que castigo o pecado dos pais nos filhos até à terceira e à quarta geração, para aqueles que me odeiam, mas que trato com bondade até à milésima geração aqueles que amam e guardam os meus mandamentos.
Não usarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não deixa impune aquele que usa o seu nome em vão.
Recorda-te do dia de sábado, para o santificar. Trabalharás durante seis dias e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o sábado consagrado ao SENHOR, teu Deus. Não farás trabalho algum, tu, o teu filho e a tua filha, o teu servo e a tua serva, os teus animais, o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias o SENHOR fez os céus e a terra, o mar e tudo o que está neles, mas descansou no sétimo dia. Por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e santificou-o.
Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não roubarás.
Não responderás contra o teu próximo como testemunha mentirosa.
Não desejarás a casa do teu próximo. Não desejarás a mulher do teu próximo, o seu servo, a sua serva, o seu boi, o seu burro, e tudo o que é do teu próximo.
»

Perante o espectáculo dos trovões, dos relâmpagos, do som da trombeta e da montanha fumegante, o povo tremia e mantinha-se à distância. Disseram a Moisés: «Fala tu connosco, que nós escutaremos; mas que não fale Deus connosco, para que não morramos.» Moisés disse ao povo: «Não temais, pois foi para vos pôr à prova que Deus veio, e para que o seu temor esteja diante de vós, de modo que não pequeis.»

O povo manteve-se à distância e Moisés aproximou-se da nuvem escura, onde estava Deus.

Êxodo 20

 

A Sinagoga, a Igreja, a Mesquita, são Comunidades de Crentes, comunidades de pessoas que acreditam em Deus e nos seus Profetas, sendo a divindade em que todas três acreditam o Deus de Abraão, que todas três consideram ser O Único.

Quando os Crentes em lugar de adorarem a Deus adoram Mamon, o Dinheiro, ou Moloque, o Poder, a Sinagoga, a Igreja, a Mesquita, decaem, cindem-se, desagregam-se, extinguem-se, e as pessoas sofrem.

Castigo divino?

Se alguém achar que pode desafiar a Lei da Gravidade, que pode voar pelo seu próprio poder, e tentar, no Porto por exemplo, voar da Ponte da Arrábida à Ponte Luís I, acontece-lhe o quê?

Cai no rio, no Douro, e morre.

Castigo divino?

 

Jean-Léon Gérôme. Moses on Mount Sinai. [1200 × 712].jpg

Jean-Léon Gérôme. Moisés no Monte Sinai.

 

 

 

 

 

 

 

FIM